O eclipse
O 𝐚𝐥𝐯𝐨𝐫𝐞𝐜𝐞𝐫 𝐬𝐨𝐦𝐛𝐫𝐢𝐨
Durante oito dias, os céus foram engolidos por uma escuridão congelante. O sol havia sido completamente ocultado pela lua em um eclipse diabólico, que parecia não ter fim. Muitos acreditaram que o apocalipse, tão descrito nas antigas escrituras, finalmente emergira de suas valas sombrias para consumir a vida na Terra de uma vez por todas.
A cidade de Los Santos mergulhou no caos e, quase isolada do mundo, sentiu a tecnologia falhar, tornando qualquer registro ou comunicação impossível. A única coisa que mantinha vivas as memórias desse pesadelo era a angústia compartilhada boca a boca. Tudo se converteu em uma guerra, mas, surpreendentemente, o verdadeiro inimigo não era um invasor desconhecido; eram nossos líderes, amigos, até mesmo nossas famílias. No desespero para entender o que acontecia, muitos tomaram lados, escolheram mal, dividiram-se — e pereceram. E tudo o que um dia conhecemos foi extinto.
Em meio à escuridão, uma luz surgiu. Ela uniu aqueles que haviam se isolado, temerosos. Uma estrela — uma presença quase sobrenatural — iluminou o caminho, trazendo força e esperança, guiando-nos para o fim daquele tormento.
A luta foi exaustiva, mas terminou. Aquela névoa espessa e escura permaneceu, talvez como um memorial sombrio para todos que se sacrificaram, uma lembrança dolorosa do passado, mantida para que pudéssemos aprender, para que pudéssemos prosperar, para que fôssemos finalmente... eternos. Pelo menos, foi assim que ela nos chamou. Suas palavras inspiradoras revelaram o que tínhamos em comum, reacendendo a chama da união.
Não sei exatamente o que foi feito, apenas que funcionou. Os humanos agora convivem com uma naturalidade estranha, quase anormal, como se aqueles que morreram jamais tivessem existido, como se tivessem sido apagados da história. Um ultraje às memórias honrosas daqueles que se foram. Mas não podemos culpá-los; talvez seja essa a única maneira que encontraram para seguir em frente. Muitos debates surgiram sobre o que causou tudo isso e, ao fim, todos concordaram em culpar o eclipse: quando o sol foi coberto, o tormento começou.
A Névoa ainda permanece, e sinto que algo sombrio nasce dentro dela. Mas A Estrela nos alertou para manter distância até que ela se dissipe por conta própria. Não quero esquecer, como os humanos parecem ter feito. Nós não queremos e não iremos esquecer.

"É engraçado como um passado tão glorioso sobrevive nas menores coisas. A vida está sempre mudando, ficando mais forte e resistindo às catástrofes. Devemos fazer o mesmo, para que nosso legado seja eterno."

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